Arte Online


Com a pandemia do coronavírus todas os setores da sociedade tiveram que se modificar de alguma maneira. Com o setor da cultura não foi diferente. É cada vez mais comum encontrarmos espetáculos, shows e oficinas online nessa quarentena, e parece que eles vieram para ficar.

            Os músicos, por exemplo, adotaram as lives, seja no Instagram ou no Youtube, com uma variedade enorme de estilos e repertórios gigantescos tocados ao vivo. As oficinas tiveram que se adaptar, os professores tiveram que trazer exercícios que possam ser feitos sozinhos, sem contato com outras pessoas. O teatro utiliza plataformas como o Zoom para criar salas fechadas, onde o público assiste a um espetáculo e muitas vezes interage. E até mesmo apresentações em modo drive in, onde se assiste de dentro do carro, sem contato com outras pessoas. Além de todo repertório que vários artistas postam diariamente nas suas redes .

            Esse tipo de adaptação já estava em andamento antes mesmo desse período, agora só se intensificou. Já há alguns anos acompanhamos peças que se utilizam de câmeras, projeções e até hologramas, como a peça O Enigma das Caixas, e grupos de Whatsapp, como o espetáculo A Última Peça. Talvez estejamos vendo algum tipo de revolução como foi a eletricidade para a iluminação do teatro de palco italiano ser do jeito que nós conhecemos hoje? Nunca se sabe.

            Esse tipo de espetáculo traz alguns benefícios. As apresentações se tornaram mais democráticas, por assim dizer. Públicos dos mais variados lugares do mundo têm acesso a um conteúdo que antes talvez fosse mais difícil de consumir. Pessoas que moram no interior, por exemplo, onde poucas peças e shows circulam, ou até cidades onde não existem teatros, propriamente ditos.

Mas esse tipo de espetáculo também gera alguns (vários!) problemas. A estrutura normalmente mais caseira não se equipara a um teatro todo equipado, por menor que esse seja. Além disso, vários profissionais como iluminadores, técnicos, produtores e etc. não estão trabalhando do mesmo jeito como em condições “normais”. E, o mais importante, não tem o calor do público, que é a melhor parte de aglomerar pessoas numa plateia. É tudo tão diferente que o ator Thiago Lacerda chegou a dizer que não é exatamente teatro. “Não acho que o que aconteceu tenha sido teatro. Talvez a gente precise encontrar um outro nome para o que é”, disse o ator depois de uma apresentação online.

Seja como for, o artista precisa continuar em movimento. A arte é prática, a arte conta a história de um povo, e se essa história passa por um período diferente, é natural que a arte também se transforme. O artista precisa trabalhar tanto quanto qualquer outro trabalhador. Sendo assim, precisamos nos reinventar diariamente para atingir nossos objetivos, atingir as pessoas, e cumprir com o nosso dever social. Porque o público está aí e ele precisa da arte para sobreviver.