No Reino Unido, a campanha de vacinação conta com a Rainha Elizabeth II. Na Argentina, com o presidente. No Brasil, com funk?
Quando nossas esperanças de imunização já estavam indo pelo ralo, junto com as primeiras doses de vacina, chegou também uma belíssima produção musical para conscientizar a população brasileira da importância e da necessidade de se vacinar contra o covid-19. MC Fioti acertou com o remix de “Bum bum tam tam” – chamada Vacina Butantan -, trazendo uma aliança do gênero musical com a vacina Coronavac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, de São Paulo. E este movimento é impactante em muitos níveis.
Primeiro, ao colocar em destaque um popular gênero musical. Segundo, com sua grande repercussão, está sendo determinante ao atingir um público alvo normalmente esquecido pelas campanhas públicas de conscientização e que, muitas vezes, é vítima das fake news disseminadas para confundir a população sobre as vacinas em uso no momento, todas já comprovadamente eficazes por autoridades da ciência.
Na última semana, o colunista de cultura do Redação CT, Bolívar D’Andrea, antes mesmo do lançamento do remix, já havia sido direto:
“O funk, por exemplo, é uma cultura trazida das periferias de todo o Brasil. Já o sertanejo é um exemplo de sucesso de um estilo de música vinda do interior da região centro-oeste, talvez uma das mais esquecidas do país. São dois exemplos de cultura que dão voz a quem não vive nos grandes centros do país. É um jeito de se comunicar sem utilizar todo um “academiquês” para representar uma parcela do povo. E eles só existem hoje porque são populares.”
Bolívar D’Andrea
Leia a coluna completa “Quem define o que é música de verdade?”, de Bolívar D’Andrea
No caso de “Bum bum tam tam” ou de “Remix Vacina Butantan”, não tem como não agradar os fãs do academiquês, ou simplesmente daqueles que dizem que dizem que só gostam de uma “boa música”, afinal, a canção utiliza e é embalada por um trecho de flauta da obra “Partita em Lá menor”, escrita pelo alemão Johann Sebastian Bach por volta de 1723. É a música clássica adaptada à cultura popular.
Além disso, o clipe do remix, gravado no Instituto Butantan, volta o olhar deste público para a valorização das instituições públicas, da pesquisa e da ciência. Junto com os funcionários da instituição, o artista canta os versos da música e mostra o trabalho do Instituto. Portanto, é inegável o êxito da contribuição musical de MC Fioti para conscientizar a população brasileira – além de tornar este momento mais alegre e dar uma injeção de ânimo e esperança enquanto a vacina não chega em grande escala.