Começou o Big Brother Brasil, e com ele vem um certo problema, digamos assim: os ex-BBBs. Pessoas cujo o único trabalho na vida é ter aparecido por alguns meses num reality show.
Veja bem, eu não sou contra essas pessoas viverem assim. Pelo contrário, elas não estão fazendo nada de errado para ninguém, e, se conseguem viver assim, tem mais é que viver mesmo. O problema é quando eles recebem oportunidades baseadas em absolutamente nada. É claro que existem os casos como o da GraziMassafera, que acabou se tornando uma grande atriz, mas é uma exceção e não a regra.
Ano passado, a ex-BBB Rafa Kalimann foi contratada pela Globo para atuar em novelas e só depois de contratada foi receber aulas de atuação. Quantas pessoas com qualificação estão nesse mercado à procura de um emprego como esse e não recebem o devido valor?
A arte não deve ser elitista e proibir qualquer artista de trabalhar ou separá-los por categoria. Mas nós estudamos muito e queremos que esse nosso esforço e dedicação seja recompensado de alguma forma. E com certeza ter mais chances de trabalho quanto mais estudamos e nos profissionalizamos. Não existe artista que brinque de fazer arte, é um trabalho levado a sério e, como qualquer outro, exige qualificação a todo momento.
Existe uma inversão de valores aqui. Viver de arte num país onde o governo não incentiva a arte é um desafio. Viver de arte em um país onde a cultura não é valorizada é um desafio maior ainda. Mas viver de arte sem ser um artista é fácil. Isso não faz sentido, mas é o que acontece.
A classe artística deveria se mexer para reparar esse erro. Só nós podemos lutar por nós mesmos. A profissionalização da arte anda a passos de formiguinha no Brasil. É hora de nos juntarmos e exigirmos nossos direitos.