As baleias na costa brasileira contribuem com serviços ecológicos por meio da fertilização dos mares, da captura de carbono e do turismo de observação. Além disso, seguindo a mesma linha de preservação ambiental, no âmbito econômico, segundo a estimativa feita pelo Instituto Baleia Jubarte e pela ONG Great Whale Conservancy, com pesquisadores do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, suas funções podem resultar em cerca de R$ 410 bilhões só no Brasil. Em escala mundial, o valor sobe para R$ 5 trilhões, enquanto vivas, ou seja, dinheiro que não se adquire pela caça.
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Com o aumento das populações de baleias, o turismo de observação cresce no país e, devido à capacidade dos cetáceos de fertilizar o ecossistema marinho e de absorver carbono, há um trabalho considerável na mitigação das mudanças climáticas. Nestes dados, considera-se as oito espécies de baleias protegidas, as quais estão nas águas sob jurisdição brasileira, que podem ser residentes fixas, como as cachalotes, ou migratórias, como as jubartes. As jubartes, por sua vez, conforme o estudo, atualmente, vivem entre 20 e 25 mil.
De fato, os seres vivos são constituídos por carbono. No caso de uma baleia de 40 toneladas, há um imenso estoque de carbono o qual se acumula no seu corpo durante a sua vida inteira. Quando a baleia morre – geralmente, em mar aberto -, o carbono vai para o fundo do oceano e, depois, lentamente, retorna à superfície. Nesse caso, o lentamente refere-se a centenas de anos.
A população de 20 a 25 mil jubartes, de 35 toneladas, que habitam as águas brasileiras, seriam responsáveis por estocar de 700 a 875 mil toneladas de carbono enquanto vivas. Por conseguinte, funcionaria o denominado carbono azul, que passaria a contribuir com os mecanismos de captação de carbono e de compensações ambientais através do Brasil. Assim, difunde-se um contraponto ao desmatamento recorrente nos biomas do país.
Outro fato relevante é que as fezes das baleias resultam no aumento da produtividade dos ecossistemas marinhos. As suas fezes são ricas em ferro, nitrogênio e outros nutrientes. Desse modo, desencadeam a proliferação de fitoplânctons e, consequentemente, toda a produtividade da cadeia alimentar marinha é elevada. Ademais, é importante ressaltar que os fitoplânctons contribuem com a retirada de toneladas de carbono da atmosfera.
De 2004 até recentemente, período em que se estabilizou, a população de jubarte vinha crescendo 12% ao ano, segundo o coordenador geral do Baleia Jubarte, Eduardo Camargo. Então, as jubartes foram vistas em áreas nas quais não havia o registro de sua presença há décadas. Em decorrência disso, o interesse no turismo de observação tem aumentado, o que propõe uma “economia azul”, a qual se expande por meio de atividades com embarcações, serviços hoteleiros e de alimentação, entre outros. Logo, através de tarefas que visam à valorização da natureza, é possível investir em um mercado mais sustentável e, logicamente, rentável.