São mais de 2000 mortes por dia no país. Não existe plano decente de vacinação. Não existem políticas públicas que amparem quem não pode trabalhar. Não existe expectativa de que isso melhore.
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O setor da cultura é com certeza um dos mais prejudicados com toda essa coisa de fechar e abrir. Em países como Austrália e Nova Zelândia eventos com público já são permitidos, pois o país cuidou bem da sua população, fez um distanciamento, uma quarentena, um lockdown corretamente e agora colhe os frutos disso, podendo se dar ao luxo de ter aglomerações sem medo. Mas aqui não há essa perspectiva.
É muito fácil jogar a culpa na população, que de fato não se cuida, mas todos sabemos que o grande responsável por isso é o governo, que não toma medidas decentes contra o avanço da covid. E nós artistas acabamos perdidos e esquecidos no meio disso tudo.
Os eventos com público não devem existir, mesmo, isso é um fato. Agora não é hora, e já passou do tempo de cairmos em balelas como “com todos os cuidados”. Mas, para que fiquemos parados, precisamos de uma compensação. Diferente de outros setores, não ficamos nesse último ano aproveitando o abre-fecha (que não é nem um pouco efetivo, sabemos) do comércio, por exemplo. Estamos há um ano sem trabalhar com aquilo que vivíamos até então.
É verdade que a Lei Aldir Blanc veio melhorar um pouco isso, com um grande número de projetos online contemplados. Mas ainda existe uma grande parcela de trabalhadores da arte largados à própria sorte. E os recursos iniciais estão minguando. Aquela onda de lives feitas no começo da quarentena já passou. A grande verdade é que todos gostaríamos de poder sair.
Entendemos que a cultura não é considerada como essencial nesse momento, como comida, por exemplo. Mas não podemos viver mais um ano inteiro só com o essencial. Precisamos de perspectiva de melhora. De sair dessa verdadeira situação de guerra. E para isso precisamos de cultura e arte.
A arte tem um importante papel sociológico e psicológico nesse momento, mas isso é assunto para outra hora. O fato é que gostaríamos de não estar em bandeira preta, de já ter algumas liberdades nessa pandemia, de podermos, aos pouquinhos, voltar a trabalhar e, bem dizer, a viver. Já que o governo que nos deixou chegar à essa situação, é obrigação dele não nos deixar morrer nesse momento.
Ninguém está pedindo esmola. É um direito. Em tempo, só a vacinação nos salvará de fato.