Há tempos, vivemos uma situação forçada pelos detentores da narrativa. Alguns elencam como “uma decisão muito difícil”, outros preocupados com a bolsa. No fim, de modo geral, aceitamos uma realidade que forçou a tal polarização. Entretanto, as discrepâncias que permeiam cada “extremo” deste polo nos fazem pensar: será que é, realmente, uma escolha difícil? Será que há a necessidade de se fazer uma escolha? Parece tão clara qual é a melhor opção.
Nesta semana, tivemos dois exemplos desta discussão. A primeira, a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que tornou o ex-presidente Lula elegível. Essa virada no jogo político brasileiro fez com que surgisse uma forte – e, confessamos, absurda – comparação. De um lado, Lula, “representando a esquerda”, tendo suas sentenças de um circo político e midiático anuladas. Do outro, Bolsonaro, representando o ódio, o preconceito e a incompetência. Ainda há dúvidas?
O segundo exemplo parte aqui de Porto Alegre. De um lado, filas de pessoas que tentam adquirir certidão de óbito para seus parentes, vítimas da Covid-19, no final de semana com o maior número de notificações de óbitos desde o início da pandemia no Rio Grande do Sul. Do outro lado, uma carreta de bolsonaristas, em apoio ao presidente e exigindo a reabertura do comércio – isso, com a gasolina em torno dos R$6. Será que está tão ruim assim? E se já não fosse chocante o fato de estarem ignorando o vírus, ainda promoveram buzinaço em frente ao hospital Ernesto Dorneles, que vem registrando superlotação de UTIs em virtude da doença desprezada pelos ignorantes. Não ignorando por desconhecimento, mas ignorantes porque tem a informação e escolhem não respeitá-la.
Diante dessas duas “polarizações”, que lado você toma? O do bom senso ou da ignorância?