A arte dos jogos


Um ditador sequestra a rainha, dá um golpe de estado, usa escravos para destruir o reino e cabe a um trabalhador derrubar o governo tirano e restaurar a ordem. Um rapaz negro, da periferia volta para casa, quando a mãe morre e é chantageado por um policial corrupto (interpretado por Samuel L. Jackson). Um exército de um império militar entra em guerra contra rebeldes que dizem ter direito sobre as terras por terem nascido nelas, e um herói pode se aliar a um dos lados para derrotar o outro. O mundo foi explodido por bombas nucleares e um sobrevivente deve achar um jeito de purificar a água para o povo nesse novo mundo. Leonardo da Vinci usa suas invenções para ajudar um amigo a derrotar cavaleiros templários.

Todos esses enredos poderiam ser de livros ou filmes, mas são de jogos de videogame. Seja num jogo casual de explodir docinhos, ou num jogo complexo de um futuro distante que leva mais de cem horas para ser terminado, um enredo que toca nos mais variados assuntos está presente. Trazendo diálogos atemporais, trilhas sonoras tocantes, exigindo reflexos rápidos ou não, dando várias maneiras diferentes da história ser contada, os games fazem parte da nossa cultura, mesmo sendo tão recentes. E, como em qualquer outra área das artes, mudam tecnicamente de geração para geração, mas continuam mantendo sua função no mundo: educar e contar a história de um povo.

No meio das artes, ainda é comum um certo preconceito com os games como se eles não fossem verdadeiras obras de arte, mesmo que envolvam muitos artistas no processo, como designers, desenhistas, escritores e músicos, e até mesmo sendo contemplados pela Lei Rouanet, como Toren, da desenvolvedora gaúcha Swordtales, que captou recursos através da lei. Há um estereótipo de que os jogos não são tão importantes, como há com os esportes também, mas isso é um assunto para outra hora.

Os jogos, além do entretenimento, são utilizados como ferramentas de campanhas sociais do governo, são utilizados na educação de maneira dinâmica, além de repassarem a história duma forma diferente dos livros, serem utilizados nos simuladores de carros e aviões, e até mesmo ajudar no aprendizado de outra língua. E não são só para crianças não, já que muitos trazem temas muito maduros. E também se engana quem pensa que é coisa apenas de homem, já que as mulheres representam 53% dos consumidores no mercado nacional.

Assim como muita coisa na cultura pop desde os anos 80 pra cá, os games vieram para ficar e fincar raízes na nossa sociedade. O trabalho de um artista, seja ele qual for, deve sempre ser levado em consideração, pelo seu esforço e dedicação na sua obra. Os jogos são acessíveis e estão disponíveis para os mais diversos públicos, desde os mais cults até os mais pops, então não existe desculpa para não experimentar um do seu estilo e entrar nesse mundo.