Algas marinhas e questões climáticas


Sabe-se que florestas como a Amazônia incendeiam e que, quando isso acontece, emitem carbono. Diante deste fato, investigações referentes às florestas subaquáticas têm ocorrido, já que as selvas submarinas de algas e macroalgas de crescimento alto são eficientes no que tange o armazenamento de carbono. Ademais, executam o trabalho de mitigar a acidificação, a desoxigenação e outros impactos marinhos, os quais são uma ameaça para a biodiversidade dos mares e também para a fonte de alimentação e subsistência de centenas de milhões de pessoas.


De acordo com um artigo publicado na revista “Current Biology”, o cultivo de algas marinhas em apenas 3,8% das águas federais na costa da Califórnia poderia neutralizar as emissões da sua indústria agrícola. Desta forma, cientistas propõem a implementação de dimensões industriais para cultivar algas e, por conseguinte, que elas sejam colhidas e afundadas no oceano para que o dióxido de carbono capturado fique sepultado durante centenas ou milhares de anos. Além da proposta, vale ressaltar que eles descobriram que a criação de macroalgas, em apenas 0.001% das águas favoráveis ao seu crescimento, compensaria todas as emissões de carbono da indústria global de agricultura. Portanto, no total, são quase 48 milhões de quilômetros quadrados adequados ao cultivo de algas, segundo o estudo citado.


Entretanto, ainda não existe tecnologia para colher algas marinhas nas profundezas do oceano, pontua Halley Froehlich – cientista marinha na Universidade da Califórnia. Ao mesmo tempo, ela relata que o estudo poderia impulsionar o interesse de engenheiros e economistas em efetivar a ideia. Por outro lado, Carlos Duarte, o qual é um cientista na vanguarda de diversos ramos da ecologia marinha, do Centro de Investigação do Mar Vermelho, na Arábia Saudita, participou de uma apresentação sobre os resultados deste artigo e, embora, à época, não tivesse feito ainda a revisão final do artigo, relatou que, em decorrência das algas serem um material muito valioso, há maneiras mais eficientes de utilizá-las no combate às mudanças climáticas do que deixá-las no fundo do mar.


A cientista Halley, por sua vez, em consonância com outros ecologistas marinhos, afirma que as macroalgas lidam com muitos problemas ambientais, tanto no ambiente aquático quanto em terra. Assim, chamam-nas de “carbono carismático”. Outra informação interessante é que as investigações têm revelado que adicionar algas às rações para animais pode reduzir as potentes emissões de metano das vacas e de outros animais do pasto em até 70%. Por fim, elas também podem ser usadas no solo como suplemento agrícola ao substituírem os fertilizantes à base de petróleo.