De acordo com o relatório das Organizações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO ONU), o conhecimento e as práticas indígenas são essenciais para a mitigação das mudanças climáticas. Mas, afinal, o que são as mudanças climáticas?
Em suma, as mudanças climáticas são alterações no clima geral da Terra, devido às ações humanas – desde o desmatamento para a construção de prédios à produção exacerbada de produtos que geram lixos e levam recursos naturais finitos, como a água, para a condição de escassos -, que têm gerado a degradação ambiental, ou seja, a perda da capacidade de sustentar vida em determinados locais. Tá, e quais são as consequências?
Dentre as consequências mais catastróficas, que nos colocam diante da sexta extinção em massa, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que é o órgão das Nações Unidas o qual avalia a ciência relacionada com a crise climática, nos alerta sobre o aumento na frequência de furacões, a elevação do nível do mar, a perda dos ecossistemas marinhos, as secas mais severas e as ondas de calor. Inclusive, você pode pesquisar mais sobre os relatórios do IPCC por meio deste site: https://www.ipcc.ch/
Para retomar o que tange a FAO ONU e os povos originários, vamos passar, rapidinho, pela história?
Primeiramente, é importante ressaltar que, quando falamos de questões ambientais, também pensamos na forma em que as cidades são organizadas e, consequentemente, influenciam nos impactos socioambientais. Por exemplo, o excesso de resíduos tóxicos que são despejados no Rio Guaíba compromete a qualidade da água que chega nas casas dos moradores da região. Por conseguinte, pode acarretar problemas de saúde, como infecções. Ao analisarmos a organização da civilização Inca, que viveu, aproximadamente, de 3.000 a.C a 1.500 d.C no Peru, no Chile, na Bolívia e no Equador, percebemos, contudo, o quão engenhosa era, evitando problemas de distribuição de água e alimento.
Construída no século XV pelos Incas, Machu Picchu, hodiernamente, é a cidade mais visitada no Peru. Ademais, foi nomeada, em 2007, como uma das novas Sete Maravilhas do Mundo e é um Patrimônio Mundial desde 1983, conforme a designação da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). Ela, por sua vez, foi desenvolvida com aquedutos e sistema de irrigação. Dessa forma, o caminho da água era esculpido na pedra. Consequentemente, o sistema engenhoso desenvolvido pelos Incas assegurava a água potável, os balneares e a irrigação dos terraços agrícolas. Ademais, as vias navegáveis e os sistemas de irrigação passavam entre os edifícios e pelas margens da cidade. Então, mesmo após 600 anos, várias dessas instalações ainda funcionam.
Ainda falando de passado, mas referente à Europa, podemos afirmar que, decorrente do Mercantilismo, a Revolução Industrial, na Inglaterra, próxima de 1750, com a indústria têxtil, foi o marco para as futuras transformações econômicas e sociais. Após a Segunda Guerra Mundial, houve o aumento de multinacionais e a consolidação do capitalismo financeiro. O avanço tecnológico, por sua vez, mudou a relação do ser humano com o meio ambiente. Por conseguinte, os recursos naturais e as condições climáticas passaram a ser ameaçados pelo “produzir mais e em menos tempo”. Certo, mas como podemos relacionar isso com o presente? Acompanha comigo!
Diante da destruição ambiental que o homem branco e colonizador proporcionou com a implementação do capitalismo acompanhado de opressão, os povos originários, com suas diversas culturas e práticas, continuam resistindo e agindo pelo bem da biodiversidade.
O relatório da FAO ONU também destaca que as terras indígenas (as quais devem ser demarcadas no Brasil, de acordo com a Constituição!!) têm um papel essencial na proteção da diversidade e dos recursos naturais. Como os povos originários harmonizam o cultivo de alimentos à biodiversidade – não recorrendo, por exemplo, à produção de commodities e à monocultura – não comprometem nem prejudicam os ciclos naturais renováveis. Só no Pará, 39 etnias, entre elas estão os Parakanãs, Xikrins, Jurunas e Caiapós, são fundamentais para a preservação do bioma amazônico. Assim, tornam sua região fértil para o desenvolvimento de uma economia diferenciada, forte e sustentável. Logo, são responsáveis pelos benefícios da qualidade da água, da fauna e da flora. Entretanto, não podemos nos esquecer das ameaças que os povos indígenas enfrentam, diariamente, pelo poder privado e público. Um dos, infelizmente, muitos descasos aos quais estão expostos é o citado abaixo:
Consoante à reportagem da UOL em 5 de maio de 2020, dezenas de comunidades indígenas da Amazônia do Equador lidavam com as dificuldades diante da contaminação de três rios, os quais lhe fornecem água e pesca, devido a um deslizamento que destruiu três oleodutos em 7 de abril. Esse acontecimento, por sua vez, acarretou despejo de 15.000 barris de petróleo e combustíveis. Então, o presidente da comunidade kichwa Mushuk Llacta, no seu depoimento, contou que famílias, avós e mulheres vivem nas margens sem comida, água para beber e local para tomar banho. Ademais, de acordo com a advogada da ONG Amazon Frontlines María Espinosa, 27.000 indígenas kichwa e shuar, habitantes do contorno dos rios Coca e Napo, foram afetados pela contaminação. Enfim, Holger Gallo, presidente da comunidade kichwa Panduyaku, informou que os moradores encontraram peixes mortos, sugerindo, portanto, que a fauna aquática do rio Coca foi exterminada.
E o que podemos concluir com isso?
De fato, nós devemos aprender muito com os povos originários e valorizar o que realmente importa: a natureza! Afinal, sem meio ambiente não haverá vida humana. Depois, é preciso deixar o lucro de lado, seguindo uma simples lógica de compreensão: sem pessoas para produzir, sem economia. Por fim, ficam estes convites:
Já se perguntou quais hábitos e ações você pode adotar, dia a após dia, pensamento na manutenção de um futuro? Quer tentar contribuir menos para a injustiça climática? Podemos conversar!!
P.S: lembre-se de votar com consciência, pois o voto também é uma forma de ativismo. Estude as propostas de quem você quer eleger, sobretudo, as que abarcam as questões socioambientais. Diante da crise climática, quem governar hoje pode determinar se haverá ou não um futuro para você, para mim e para quem amamos.